As nossas Saídas
Sobre tudo o que se deve guardar,
guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida [Provérbios 4:23].
Pense nisto. A nossa vida não depende mais do cuidado que demos ao nosso órgão
chamado coração nem aos cuidados de nossos intestinos, pâncreas, pulmões, rins
e fígados, e nem mais de cuidarmos a nossa mente, nossas emoções e decisões, que
de nosso coração. Mas, que é o coração?
Antes, vejamos numa visão de
fora, adentro e mais adentro como estamos constituídos. Então nos perguntaríamos
onde está o coração. Por ventura é o mesmo espírito, ou a mesma alma?
A principal característica
definidora de que é coração como órgão espiritual ou psicológico é a sua função
interconectiva. Ele tem duas principais saídas: uma para Deus, a principal; e a
outra para a nossa alma.
Pensemos num fato. Antes da Queda
do humano no pecado no Éden ele tinha o seu espírito o regendo. Ao cair, o
comando de sua vida passou a estar “nas mãos” de nossa alma. Assim a nossa alma
se opõe ao nosso espírito, o bloqueia, aprisiona dentro da pessoa, e persegue.
Isto é assim porque o espírito possui a vida divina, enquanto a alma “vive”
pelo conhecimento do bem e do mal, é influenciada pelo exterior, em vez de ser
influenciadora, e é manipulado pelo Diabo, o Mal.
A nossa alma caída fechou todas
as saídas do espírito para ela, e dele para Deus. Aliás, foi o pecado que levou
a Deus fechar o caminho do espírito humano para Deus, mas não para o exterior.
Então, ainda quando o coração
pareça mais com o espírito que com a alma, ele é a antítese da alma e maior que
o espírito. Quando o Diabo imaginou que ao entrar na alma humana e rebelá-la
contra Deus estava ganhando a batalha, apareceu Noé que achou a graça em Deus
(Gn 6. 8) e fez que Deus passasse de sua santa indignação para ao juízo, e do
juízo para a salvação. Esse primeiro humano que tivera o coração como o de
Deus, pela graça que encontrou, fazendo-o justo (Gn. 7. 1), possibilitou que
Deus voltasse a abrir a saída de Deus através da alma caída que era de contínuo
somente má (6.5; 12), como um antítipo da salvação por Jesus que inicia no
coração de Deus para o coração humano.
No arrependimento de Deus de
haver feito o homem se vê a sua interpretação do ser humano: por causa da
Queda, ele virou igual aos animais e estava agindo como animal (6. 6, 7),
somente mal.
O conceito “coração” aqui surge
como o órgão que elabora o fazer bem ou mal aos demais humanos, sentindo a Deus
e tendo a mente de Deus. Pois, a alma também sabe fazer ambas as coisas, mas
sem sentir Deus nem pensar Deus. Dai que toda vez nas Escrituras que se
menciona CORAÇÃO se o descreve tendo
mente, vontade, emoções (as três funções da alma) mais a consciência do
espírito.
O CORAÇÃO, POR TANTO, É...
Na Queda o humano ficou
completamente corrompido; até mesmo a sua consciência do espírito que Deus
deixara no homem para O sentir ou perceber esta função ficou pervertida, ao
ponto de Deus falar irado dentro do seguinte relato: “Ora, a terra estava
corrompida aos olhos de Deus e cheia de violência. Ao ver como a terra se
corrompera, pois toda a humanidade havia corrompido a sua conduta, Deus disse a
Noé: Darei fim a todos os seres humanos, porque a terra encheu-se de violência
por causa deles. Eu os destruirei juntamente com a terra” (6. 11-13). Aqui “conduta”
e “seus caminhos” noutra versão é o mesmo que saídas. As saídas do coração
humano para os demais era somente violência.
Quando Deus afirmou que Davi
tinha o coração como o dele, Davi era puro, de coração virgem, incontaminado,
tanto que escreveu lá no pasto o Salmo 23, por exemplo, porque até então ele
pensava e agia como Deus, só por amor, e não violência; mas Deus logo permite
que Davi cometa as mais cruéis violências para mostra-lo que ninguém se salva
sem o Messias. No relato de Lucas, o mais diligente investigador da época (Lc
1. 1-4), em Atos 13. 22-23, apesar das quedas vergonhosas daquele em quem Deus
colocou sua esperança, de sua genealogia veio o único humano que chegou a ter o
coração como o de Deus SEMPRE, de princípio a fim de sua vida humana, JESUS.
Atos 10. 30 descreve o coração de
Jesus, modelo único, exclusivo e suficiente para nós como ANDAR FAZENDO SOMENTE
O BEM, SEMPRE. Mas, para que de nosso coração flua somente o bem ao próximo o
versículo diz qual é o segredo: unção interior do Espírito e poder externo do
mesmo Espírito Santo. E esse poder externo do Espírito Santo nunca apareceria
em Jesus se ele não tivesse sido absolutamente obediente ao Pai. Então, se
quisermos ter o coração como o de Deus, precisamos nos despojar constantemente
de nossa alma caída sometendo-a à consciência de nosso espírito regenerado. Só assim
o nosso espírito poderá algum dia pensar somente o bem (Gn 6. 5) e andar
(caminhar o Caminho da Vida) que é fazer somente o bem. Mas que bem? O Diabo faz o bem para enganar. A alma caída, enganada pelo Diabo também faz o bem, decorrente da Árvore errada, e isto é comum no catolicismo e no espiritismo e agora também virou endêmico no meio evangélico.
Fazer somente o bem requer primeiramente da anulação da vida da alma, não da alma propriamente, senão da vida independente dela por causa da Queda Humana, Quer dizer, devemos desconfiar até de nossos sentimentos, ideias e decisões boas. Tudo na alma está corrompido. A maior parte das obras "cristãs" está mais no Caminho de Caim que no Caminho da Vida, do Cordeiro de Deus. Toda boa ação que dê ao humano alguma glória, alguma justificação, alguma recompensa, algum mérito se perde, porque não é "conforme o coração de Deus"; não apenas as obras más. Os que imaginam que na sua salvação eterna contou a sua decisão, já começaram mal e a vida toda terão problemas com as saídas de seu coração. Como Noé, deveremos achar a Graça e passar a depender em absoluto dela; isto é ser justo aos olhos de Deus. E o último fortim a ceder ao Espírito é a língua de nossa carne corrompida. Assim que se acharmos um humano que souber ouvir e saber calar, estaríamos diante de alguém que começa a ter o coração como o de Deus.
Lembre-se que Deus decidiu destruir ao homem porque o seu coração era somente violência. O contrário da violência é amor, dar atenção (não a indiferença) tolerância, diálogo, compreensão, renunciar "direitos", e viver para só fazer bem ao próximo, porém, dependente em absoluto de Deus, a Saída Principal de nosso coração, a fim de que a ajuda não esteja contaminada.
<<Cale-se, toda a carne, diante do Senhor; porque ele se levantou da sua santa morada>>
Zacarias 2:13.



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